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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
O "alemão" do Juninho
Aos quatro anos, Juninho era dessas crianças cheias de energia, dessas que conseguem se divertir muito transformando sucatas em preciosos brinquedos. A família morava numa casa modesta no interior de uma cidade do Norte do País. O pai, habilidoso marceneiro, popular na cidade, tido como um sujeito pacato e honesto. A mãe, dedicada costureira, muito trabalhadora, conhecida nas redondezas como Dona Zinha. Juninho cresceu ao lado de muitas crianças. Apesar de filho único, sempre foi cercado de companheiros para brincar. Na região onde moravam tudo era muito simples, os recursos muito escassos; porém, havia ali alegria, gente falando com gente, sorrisos, abraços, muita solidariedade. Os vizinhos se visitavam, havia bailes nos fins-de-semana, bolos de aniversário, no centro da praça principal, para a comemoração dos aniversários mensais. Havia sossego. O contato com o mundo vinha de algumas televisões e rádios da redondeza. Certo dia, Juninho estava entretido com seus brinquedos e amigos quando viu uma imagem na televisão que despertou seu interesse: eram homens, muitos homens, vestidos de forma estranha, com algumas coisas nas mãos, uns chapéus na cabeça, carros e outras coisas gigantes que passavam por cima de outras coisas, pessoas correndo, fogo, muito barulho e um moço que dizia “guerra” na televisão. Juninho correu para o pai. Muito assustado, olhou para ele e perguntou: “pai, o que é guerra?” O pai, muito desconcertado, afinal não esperava uma pergunta dessas, vinda do menino, pensou um pouco, respirou fundo, e disse: “filho, guerra é quando as pessoas não se entendem; quando há brigas; quando umas pessoas correm atrás das outras com revólveres, espingardas, facas, bazucas; é quando o céu fica preto de tanta poeira e as pessoas sujas de tanto lutar; é quando a conversa já não resolve; é quando as pessoas perdem o juízo, se é que, algum dia, o tiveram; é quando não há paz”. Juninho, muito pensativo, fez a derradeira pergunta: “pai, dá pra comprar uma bazuca da paz?”
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