Até onde sabia, estava tudo terminado entre eles. Não dava mais, pensou ela. Como das outras vezes a coisa começou com um tom impaciente, um ar crítico, um julgamento sem escrúpulos, sobre a forma de pensar de Elza: Lá vem você com suas idéias, verdadeiras bobagens. Fala tudo que dá na telha - e tantas outras coisas foram ditas por Toni. Elza já não as escutava mais. Algo de diferente acontecia naquele momento, ao contrário de tantas outras vezes em que seu marido fora desagradável com ela. O que ela sentia de novo? Como sempre se sentia a última das mulheres. Então, o quê se elucidava para Elza? Não sabia. O que sabia é que ali estava tudo terminado. Até onde sei, está tudo terminado entre nós. Não dá mais. Outra vez, o tom impaciente, o ar crítico, o julgamento sem escrúpulos sobre minha forma de pensar: - Lá vêm você com suas idéias, verdadeiras bobagens. Fala tudo que dá na telha. Toni insiste e repete tantas outras coisas. Eu já não as escuto mais. Algo acontece comigo, ao contrário de tantas outras vezes em que ele é desagradável comigo. O que sinto de novo? Como sempre me sinto a última das mulheres. O que se elucida para mim? Não sei. O que sei é que está tudo terminado. Dúvidas. Será que algum dia tudo entre nós estará terminado? Em algum momento perceberei que minhas forças se esgotaram? Acontecerão novos insultos? Com tom impaciente, ar crítico, julgamentos sem escrúpulos sobre minha forma de pensar: - Lá vêm você com suas idéias, verdadeiras bobagens. Fala tudo que dá na telha. Toni insistirá e repetirá frases como estas. Eu já não escutarei mais. Percebo que algo está acontecendo comigo, ao contrário de tantas outras vezes em que ele é desagradável. O que sentirei de novo? A última das mulheres? Será que permitirei Toni a fazer com que eu me sinta assim? Algo se elucidará? Acabará algum dia isso tudo? Darei tudo por terminado?
Beth Mori
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