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domingo, 7 de março de 2010

Conjugação

Que bom chegar a este divã!
Nesses dias andei chorando. Um choro inconsolável de cansaço!
Cansaço de quê?
Na verdade, eu queria colo, ter o direito de ser frágil, não pensar em problemas, tampouco imaginar ou correr atrás de soluções que parecem nunca chegar.
Hoje estou só, como quase sempre; a solidão parece ser maior do que tem sido.
Sinto-me um grão de areia, um bebê sem berço, um pássaro sem ninho: sem acalento.
Quanta vontade de puxar a barra da saia de qualquer uma que passe para mostrar que eu estou aqui! Quem sabe esse alguém me escuta, me faz sorrir, passa sua mão em minha cabeça: um dengo, uma atenção. Será que o que eu quero é tanto assim?
Liguei para o Daniel, sempre tão ocupado, tão cheio de preocupações. Seu nome: trabalho. Sugeriu-me que procure um analista ou alguma outra coisa para fazer: - Vá trabalhar Susana!
Acumulo mágoas. Só queria atenção e levei um chega prá lá. Desprezo no lugar de aconchego. Recém batizada de chata, de mala, pensei se o problema não poderia ser meu. Sou tão complicada assim? E, em meio aos xingamentos, ouvi que precisava resolver minhas questões em análise. E não é isso que estou fazendo? Será que de nada está adiantando, isto aqui? Quanto ainda preciso sofrer, errar para aprender a acertar, a andar com minhas próprias pernas? Conseguirei um dia?
Hoje me sinto perdida, aqui e acolá, procurando acessar minhas dificuldades, tentando compreender quem sou eu e até concordando em ser a tal maldita mala. E também a chata! O que quero? O que posso pedir? Quero tanto assim? Peço muito? Ou peço para alguém que nada pode ofertar?
Mas as pessoas não erram sozinhas: eu erro, tu erras, ele erra... Não é assim a conjugação? O erro vira um ciclo vicioso. Quem errou primeiro? Até que ponto minhas atitudes são reações às dele? Até que ponto as dele são reações às minhas?
Não posso mudar os outros, mas posso mudar minha atitude diante da vida. E, assim, mudar a mim mesma... Será que eu posso?
Tenho pensado muito e já falamos sobre isso: até que ponto o que passo é decorrente de minhas cegueiras ou simplesmente tenho assumido os erros dos outros como meus.
Ajude-me a desvendar esse mistério, me ensine a ser mais forte, a me amar mais.
Estou um tanto perdida e não quero isso para mim.
Falo como uma forma de te ajudar a me ajudar.
Será que você me entende?

Beth Mori

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