Nem prosa nem poesia. Abaixo, sim, um bando de bobagens.
Besta, boba, burra! burra, mas... é bonita! Baltazar, que isso? bestou de vez depois de erado, é? Baltazar se diverte, brinca com os bicos e beiços de Beatriz, gosta de evidenciá-los, sabedor de que beleza só é fundamental em poesia de botequim. Para o amor, um nariz torto, um olho meio caído é básico, quase necessário. Só não passa bafo de bosta. Aí já é demais! Beleza também não se barganha com ignorância. Basta de loura burra!
Baltazar boceja. É um sujeito bom. Um pouco solitário, é bem verdade. Não gosta de barulho nem boatos. Baniu de sua vida os broncos, brutos e os boçais. De sua biblioteca, os best-sellers. Bacharel no fogão, brinca que abrirá um bistrô, só de brejeirice, pra ver Beatriz bufar: No meu bistrô entra tudo, menos bandido e banana, que é comida de bundão. Puro blefe, pois em se tratando do baixo continente, tudo o que Baltazar bendiz de sua vida de aposentado é poder botar o seu numa banheira e deixar que o mundo lá fora escorra por um buraco de bueiro.
Absorto no banho de banheira, pensa em bestialidades. Recompõe-se, meio banzo, busca lembranças infantis, brincadeiras no velho Brejo Alegre, assim batizada sua cidade-natal antes da chegada dos barões do café. Sim, Baltazar é um bem-aventurado filho da terceira cidade mineira cujo nome começa com B: Berlândia, Beraba e a Bosta de araguari. (De novo b de bosta?) Isto, bosta. Verbete bom de balbuciar: booosta, b-b-bosta, bostão, bosta rala, bosta n’água. Bosta! Merda, cocô, porcaria, coisa mal feita, titica, não, não! Bosta que é bacana, tem atitude. O cara te chama de bicha e você é bom de briga. Ele é um babaca? Não, ele é uma bostinha de barata! Vale nada!
Chega de baboseiras. Na balbúrdia de lembranças, surge Beatriz. Beija-me a boca, Baltazar! belisca meu braço, me bate, vai, uma boa bofetada! Adorava arrancar-lhe a blusa e levar Beatriz à beira da loucura. De boazuda não tinha nada, mas era a sua boneca.
Que foi, Beatriz? por que você geme tanto? tá bom? Continua, Bal, tá bótimo! As mãos de Baltazar deslizam pelas bordas de Beatriz, faz um atalho na barriga para chegar ao destino desejado, a bunda abaulada de sua amada. Ensaia um tapinha e Beatriz começa a gritar, berrar mesmo. Onde desativo a bomba? desespera-se Baltazar, já broxado e abestalhado, quando enfim acorda com o telefone urrando. Antes de bandear-se para o quarto, aos cambaleios, bebe mais um gole de Baileys, tropeça na beirada da bacia, esbarra na bandeja de bebidas, se esborracha sobre a bromélia, braveja contra Baco. Tarde demais. Só de birra, Beatriz, comissária de bordo da BRA, havia deixado uma mensagem blindada: Bê-eu bê-a bê-mo bê-vo bê-cê. Ganhei um bilhete para a Bósnia. São poucas horas até a Bélgica. Bora comigo para Bruges?
Cláudia Carneiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário